Vítor Bley Moraes - ZERO HORA 06/10/2011
O Dia Internacional do Idoso, comemorado no dia 1º de outubro, foi uma data de pouca repercussão, como tem sido todos os anos. Talvez, porque há muito pouco a festejar. Se, por um lado, as pesquisas mostram que os brasileiros estão vivendo mais e que, em alguns países, como o Japão, a população centenária já é bem expressiva, aqui no Brasil os nossos velhos são muito maltratados pelas políticas públicas e pela própria sociedade. A longevidade não é correspondida com a qualidade de vida que os idosos deveriam ter, a começar pelo salário minguado pago aos aposentados da Previdência Social, que muitas vezes não cobre sequer os custos com os medicamentos. E é com o avanço da idade que surgem doenças de tratamentos caros e, muitas vezes, de pouca eficácia, como o temível mal de Alzheimer. É nessa faixa que são necessários cuidadores, ainda raros e caros. O idoso também não dispõe de hospitais especializados em doenças peculiares da terceira idade. O atendimento na rede pública de saúde é precário. Os idosos enfrentam filas nos postos de saúde, na busca por medicamentos gratuitos e disputam vagas para leitos nas emergências superlotadas.
Na verdade, o Brasil não está preparado para o envelhecimento da população. Os velhos são tratados como um estorvo, um produto descartável, que não produz mais. Não há políticas públicas eficientes. Inexistem programas de inclusão e o Estatuto do Idoso é pouco respeitado. No dia a dia, é comum ver os assentos reservados a idosos, gestantes e portadores de deficiência física ocupados por jovens em ótimo estado de saúde. O mesmo acontece nas filas dos bancos, dos supermercados, ou ainda nas vagas de estacionamento. A falta de sensibilidade, de respeito às leis, de humanidade é brutal. E o pior de tudo é que, muitas vezes, o problema já começa em casa, com a família. Os idosos são maltratados, explorados ou abandonados em abrigos sem as mínimas condições. Um contraste com os países desenvolvidos, onde seus velhos são venerados por representarem conhecimento, experiência de vida.
O mais triste é que, apesar dos avanços da ciência, que proporcionam maior longevidade, muito cedo uma pessoa é considerada velha no Brasil. No mercado de trabalho, por exemplo, trabalhador com mais de 40 anos, com raras exceções, já é tratado como veterano e é preterido pelos mais jovens. A recolocação é mais difícil. Ironicamente, a cada nova pesquisa sobre o aumento da expectativa de vida, é necessário aumentar o período de contribuição ao INSS para a aposentadoria. Mas, ao contrário do serviço público, no qual a aposentadoria é integral, o contribuinte da Previdência Social passa por uma fórmula de cálculo cujo valor fica longe do que recebia quando estava trabalhando e muito mais distante ainda das suas necessidades básicas. Por isso, poucos são os idosos deste país que têm condições de festejar alguma coisa, seja no Dia Internacional do Idoso, seja em qualquer dia do ano. É preciso mais atenção com os idosos.
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